segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Educação e Sustentabilidade


A Praia do Morro

A primeira vez que avistei o mar, precisamente em Setembro de 2004, achei que seria uma coisa muito normal. Afinal, com meus rasos 24 anos, e com a consciência de que era sabedor de alguma coisa, depois de tantas paisagens vistas pela TV, na internet, fotos de amigos, etc, achei que não teria muita empolgação.

Quando cheguei, meio tímido pelo desconforto do desconhecimento, fui me aproximando, sorrateiro, como quem quer ver mas finge que não quer. Como não estava sozinho, procurei demonstrar o máximo de naturalidade possível, afinal, aquelas pessoas imaginavam que eu já conhecia o mar.

Avistei-o, então, em sua majestosa imponência, meio no escuro, pois era noite, noite fria. Só algumas pessoas caminhavam pela praia. Vi-o, e logo o reconheci. Era ele mesmo, resoluto, exato e ao mesmo tempo tão poético, na sua imensidão pacífica. Estava com sua aparência mais terna do que nos cartões postais que eu o havia visto, mais largo do que nas paisagens da internet, mas sagaz do que nas fotos dos amigos. Era lindo.

Eu, que tantas vezes havia dito as palavras de Drummond: "Eu não vi o mar/eu vi a lagoa...", estava convicto de que o mar não me acrescentaria muita coisa quando eu o visse de perto, pois, já tinha em mente sua dimensão e sua superioridade. Mas, ao contrário disso, sua beleza vista de perto é maior e mais imponente do que minha pobre imaginação, do que meu pobre conhecimento, do que meus fúteis conceitos.

Ver o mar, não só me fez constatar que sua imensidão é indiscutível e que sua superioridade de grandeza é inenarrável, como também me fez crescer um pouco. Diante dele pude parar um pouco, pensar em Deus, em minha vida, no meio ambiente.

Você também deve estar pensando enquanto lê este artigo: "o que isso tem a ver com a temática do Blog?". Mas eu já explico.

Longe de querer ser politicamente correto. Nunca fui. Longe também de querer ser pretensioso o bastante para achar que vou salvar a Terra. Nada disso.

A praia é tão linda e o mar tão perfeito que muitas convicções teóricas, como as que eu tinha em mim, morreram na areia, derrotadas pela firmeza da expressão da natureza, desfeitas como as ondas. O mar é fruto do olhar poético de Deus, que o desenhou, minuciosamente, para embelezar a Terra.

E como todo mineiro, foi lá mesmo que o conheci: no Espírito Santo.

Junto com esta grande experiência, veio também o choque de constatar o que não aparece nas paisagens, nas fotos, nos cartões postais, e que, com certeza, não estava no Projeto de Deus: o lixo.

Você mergulha e consegue pegar o lixo que as pessoas depositam no mar, ou deixam na praia, ao léu.

Garrafas plásticas são deixadas esquecidas, abandonadas pelos banhistas, turistas, visitantes, moradores, ambulantes.

É uma atitude tão comum que ninguém acha estranho dar um mergulho e voltar à superfície com uma sacola de supermercado pregada no rosto.

Depois as pessoas ainda dizem que têm consciência ambiental.

Sustentabilidade pode até ser um termo novo, com o qual a população ainda não esteja cem por cento familiarizada. Mas educação é uma palavra mais comum e muito antiga. As nossas crianças fazem exatamente o que fazemos na frente delas. Talvez seja por isso que a geração que está chegando agora não dê muita importância ao meio ambiente e à sua preservação, pois, todos achamos tão natural degradar e destruir. Afinal, é só um lixinho. Um lixinho meu, um lixinho seu, um lixinho do nosso colega...

Cinco anos depois, volto à mesma praia. Revejo o mar, que já não é o mesmo. Sinto aquela mesma expectativa. O mar novamente me surpreende com sua predominância e supremacia absoluta. Me faz lembrar uns versos de poesia, me aguça a inspiração.

Resoluto, ele ainda sobrevive à degradação humana, à sua lenta e irrecuperável destruição.

Mas... e quanto à sustentabilidade? e quanto à educação? Ainda figuram bonitas e fora de uso para a humanidade. Tanto uma quanto a outra. A diferença é que da segunda nos lembramos mais de dizer. Também não quer dizer que a apliquemos constantemente onde deveríamos aplicar.

De 2004 pra cá ninguém pareceu se preocupar muito com políticas ambientais que eduquem os banhistas e frequentadores da praia, que tragam um resultado favorável ao meio ambiente, agora ou a longo prazo.

A poluição continua avassaladora. As pessoas continuam desconscientizadas. Todo mundo ainda joga papéis e plásticos na areia. Garrafas e latas de cerveja são deixadas à beira do mar, sem a menor culpa. As sacolinhas plásticas ora boiam na superfície, ora se agarram à rala vegetação submarina. A vida submarina sobrevive pela misericórdia de Deus.

Mergulhamos e ainda voltamos à superfície com a sensação de estarmos nadando no rio Tietê (que deveria também ser alvo dos ambientalistas).

Gostaria muito de fazer da sustentabilidade e da educação, alvos da população. Que estejam ao alcance de todos, e que, sejam aplicadas com os sentidos que devem ser aplicadas.

Nesta praia, sou apenas um grão de areia. Talvez eu não faça a diferença. Talvez ninguém ouça quando eu gritar. Mas mesmo assim vou plantar esta ideia, fazer a minha parte, dar a minha contribuição.

Quero tornar estes termos absolutamente difundidos na vida e na mente das pessoas. Em especial àquelas céticas, que já não fazem a sua parte porque ninguém faz. Quero também ser um ajudor da Terra. Difundir a inteligência ambiental para as próximas gerações.

Quem quiser pode me seguir: a estrada é longa mas a vitória é certa. O meio ambiente também agradece.

Alerson Martins escreveu este artigo para o "Viva a Vida", edição de Fevereiro/2009

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Depoimento

"A Lição de Drummond"
Ilustrações sobre o texto "A vida necessita de pausas", do dia 3 de fev. 2009
Jornalista Valmir Bononi

Depois de mais de oito anos dedicados prioritariamente ao meu trabalho como jornalista numa grande rede de TV comecei o ano como mais um dos dos 1,6 milhão de brasileiros a procura de uma nova ocupação. Confesso que a sensação não foi das melhores. Não que já não tivesse passado antes por situação semelhante. A questão agora era a forma de retribuição prestada a quem realmente exerceu com paixão todas as atividades que lhe foram confiadas. Acredito que isso aconteça com qualquer pessoa que consiga o privilégio de fazer o que gosta.

Como sempre acontece nessas ocasiões, primeiro você cede ao sentimento negativo da revolta, da inconformidade. Depois vem aqueles momentos de se fazer uma auto-análise. Poderia eu ter feito mais? Onde foi que eu errei? Finalmente você é obrigado a deixar de lado as conjecturas, que na maioria das vezes levam a lugar nenhum, para iniciar o processo de reorganização da sua vida até chegar a um novo emprego. E quanto mais rápido você processar tudo isso, melhor. Pelo menos era assim que eu pensava até ler ainda esses dias, aqui mesmo neste blog, artigo do meu amigo Léo sobre saúde emocional.

Vamos descontar aqui a falta de isenção natural de quem fala sobre alguém que se admira. Mais do que o bom texto e a percepção arguta do que é o nosso cotidiano, o que mais chamou a atenção na leitura foi perceber o quanto fui atingido por ela. Por quanto tempo eu nem sequer lembrei a existência desse termo: saúde emocional? Mais precisamente os últimos oito anos de total dedicação à empresa em que trabalhava. De imediato vieram à minha mente todas as imagens de uma rotina que por muitas vezes se resumia a doze ou treze horas dentro da empresa, lembrando tardiamente de parar por 15 ou 20 minutos para comer, sem saber ao certo se estava almoçando muito tarde ou jantando cedo demais. No cardápio, geralmente, aquele velho e bom sanduiche de uma lanchonete famosa. E sim, muitas vezes eu podia jurar que ouvia dentro de mim: "Eu amo tudo isso". E pensa que parava por aí. Nada disso, afinal eu era o "chefe", e líder que se preza tem que estar 24 horas à disposição da empresa. Celular e rádio sempre a postos. Meu Deus! Quantas vezes receber um chamado e ter de decidir entre mobilizar ou não uma equipe às duas da manhã num bate-papo descontraído com os amigos numa mesa de bar, que ninguém é de ferro e o calor em Ribeirão Preto é insuportável. Isso num final de semana, bem entendido. A rotina dos outros dias após o serviço era mesmo chegar em casa, tomar um banho, jantar e dormir, tudo numa sequência rápida, sem grandes intervalos para conversas com a família. Cinema, leitura? Cadê o ânimo? Resumindo, uma vida de total estresse sem se dar conta.

Sim, "a vida necessita de pausas". Sábio Drummond, astuto Léo que rapidamente soube compreender isso. Antenado mesmo, que outro nome poderia ter esse blog? Penso que é do perfil sinuoso das montanhas que emana essa facilidade mineira de enxergar dentro de si mesmo aquilo que parece tão distante. Percebi então que, estar desempregado, não deve de forma alguma ser encarada como uma situação de desespero. Não que a solução seja cruzar os braços e daqui pra frente, levar a vida na flauta, como dizia alguém da família. É claro que todos precisam de uma ocupação, e a bem da verdade, felizmente não fiquei totalmente parado depois que fui demitido. Mas aquela situação que acabou se transformando em algo tão natural na minha vida, será que vale a pena ser repetida? Ou será melhor daqui pra frente saber conciliar o tempo e encontrar um ocupação que permita me dedicar tão apaixonadamente a ela quanto ao prazer de assistir a um bom filme, ler um livro, conversar mais com a família e os amigos, ser mais humano e menos máquina?

A resposta comecei a dar logo depois de ler o referido artigo. Fui ao cinema. E de imediato vou retomar a leitura do livro que comecei a ler nas férias de novembro e nem terminei. E terminar a monografia da pós-graduação que perdi o prazo de entrega em dezembro porque não tinha tempo para fazer. E telefonar para amigos e parentes que não vejo há tempos. E ouvir mais as pessoas ao meu redor. E sobretudo, amar. Amar mais e melhor tudo e todos que valem a pena e muitas vezes ficaram tão esquecidos.

Como vê, Léo, acho que também estou aprendendo a lição de Drummond. Sim, "a vida necessita de pausas". E obrigado por me lembrar disso.



Valmir Bononi - jornalista
Ribeirão Preto - São Paulo

Este artigo também será publicado no "Viva a Vida", publicação mensal de S.S.O. da Unidade Alegria, Minas Gerais

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Saúde Emocional


"A vida necessita de pausas"

Sabe quando você está com a sensação de que está fazendo tudo muito rápido, na agitação, na correria?

Pois é, quando você chega a perceber esta sensação é sinal que já tem muito tempo que você está estressado e que, devido a tantas tarefas diárias, nem percebeu que estava entrando no caminho dos doentes emocionais.

Mas não fique apavorado não. Eu mesmo acabei de ter esta sensação e não estou nem um pouco preocupado. E não pense que é porque estou fazendo análise. Nada disso! como você, também não tenho tempo.

Mas, se você está interessado em saber como anda sua saúde emocional, responda para si mesmo uma pergunta essencial: você tem hábitos de vida saudáveis? sim, porque, se eu perguntar se você se considera uma pessoa saudável, naturalmente você responderá que sim, que trabalha todos os dias, sobe e desce escadas, talvez carregue caixas, caminhe até seu local de trabalho, etc.

Não se trata somente disso. Para você estar saudável emocionalmente você precisa estar com suas funções psíquicas equilibradas. Esse desvio pode não ter nenhum sintoma. Isso inclui um bom nível de auto conhecimento, de auto aceitação. O equilíbrio emocional reflete no seu físico e também diretamente no seu convívio familiar.

Estar de bem consigo mesmo, procurando resolver os problemas da melhor forma, enfrentando as situações da vida com bom humor e otimismo, achando soluções criativas para o trabalho, para o lazer, para a cultura... tudo isso é sinal de equilíbrio! tudo isso é um claro sinal de saúde emocional.

Além disso, alimentar-se bem, beber muita água, manter-se no peso adequado, ser ativo, parar de fumar, evitar bebidas alcoólicas ou beber com moderação respeitando seus limites, e não consumir outros tipos de drogas, são outros sinais de notória saúde emocional.

Ter atitudes seguras, ser honesto, fazer o que você gosta, conversar com as pessoas, conhecer novos lugares, namorar, dormir o suficiente, visitar o seu médico regularmente... isso é saúde emocional.

Talvez você ache tudo isso uma grande besteira, como eu também achava.

Mas olha, isto que você lê é um depoimento de quem estava à beira de um ataque de nervos, trabalhando sem nenhuma pausa, desrespeitando meus próprios limites, arriscando minha própria vida. Sim! não é exagero! é cada vez mais comum pessoas sofrerem ataques cardíacos fulminantes devido a hábitos de vida tão sedentários e a estilos de vida tão agitados.

Além de não fazer bem para sua saúde emocional, não faz bem ao seu físico, não te traz benefícios, não te compraz. Muito pelo contrário, você tende a ficar cada vez mais agitado, achando que tudo deve ser resolvido num átimo, e tende a achar as pessoas cada vez mais lentas, pois você se torna incapaz de reconhecer o limite das outras pessoas e a respeitá-las.

Você fica cego. Nâo enxerga a própria família. Seu mau humor o impede de conduzir certas situações com mais leveza e otimismo.

Pare e pense. Talvez você esteja como eu: correndo demais. Incapaz de ler um bom livro, assistir a um bom filme. Tudo isso leva tempo. E você, com certeza, não pode perder o seu precioso tempo. Aliás, tempo é dinheiro.

Mas aceite essa sugestão. Não leve como conselho. Dê uma pausa a você mesmo. Reavalie seus conceitos. Esqueça que isso é um clichê! O trabalho árduo e exagerado faz você parecer racional demais, pois você pensa cada vez mais juridicamente. Você precisa abandonar um pouco o coletivo e enxergar o indivíduo que existe dentro dessa máquina que está cada vez mais acelerada.

Reserve tempo para ouvir você mesmo e entender seus sentimentos e emoções. Isso o ajudará a crescer também. Recompense a si mesmo pelas suas conquistas. Seu trabalho e sua força de vontade já representam uma grande conquista.

Se você já se encontra num grau elevado de estresse, procure lidar com ele como um aprendizado. Definitivamente: relaxe. Seja um pouco irresponsável. Não te fará mal nenhum, pois, todos precisamos de um descanso. Carlos Drummond escreveu que "a vida necessita de pausas".

Acredite: é o melhor para você. Será o melhor para sua saúde emocional. Toda a natureza será favorável a esta decisão. Sua auto estima, com certeza, agradecerá.

Grande abraço,

Léo (A. Martins)
Técnico de Segurança do Trabalho e da Qualidade
Este texto também foi publicado no periódico "Viva a Vida", do Rotary Gutierrez