quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Segurança do Trabalho no setor Rural



As atividades rurais apresentam, em diversas fases, riscos que podem ocasionar ao trabalhador problemas de saúde oriundos de manipulação de produtos químicos, tais como os fertilizantes químicos e orgânicos, os corretivos de solo, os adubos químicos, riscos de acidentes, riscos físicos como umidade, intempéries, ruído, entre outros. Os riscos existentes em um local de trabalho podem gerar agravos à integridade física dos trabalhadores. A tecnologia presente hoje permite que possam ser previstas possíveis falhas, além de antecipar os acidentes e doenças.


O trabalho agrícola apresenta riscos ocupacionais com gravidade variável, como a exposição a agrotóxicos, intempéries, desgaste físico, animais peçonhentos, dentre outros.


Riscos Físicos


Ruído, em decorrências das máquinas e equipamentos agrícolas;
Calor, umidade proveniente de atividades a céu aberto ou em galpões e radiações de origem solar.


Riscos Químicos

Dérmico: Contato pela manipulação ou manejo de produtos fitossanitários.
Inalação: vapores orgânicos, névoas ou finas partículas tóxicas através das vias respiratórias. Intoxicação por manipulação de agrotóxicos: boca, olhos, mucosas.
Poeira: decorrente de processos de produção; beneficiamento de alimentos; partículas finas decorrentes de processos de moagem, trituração;

Os efeitos de agentes caracterizados como riscos químicos no organismo podem ser inertes, alérgicos ou tóxicos, desde uma simples alergia, bronquite ou um resfriado até doenças fatais como, no caso de cortadores de cana, a bagaçose. O efeito causado pela exposição a esses agentes dependerá diretamente da constituição química das partículas presentes somada à quantidade presente no ambiente e o tempo de exposição.

Riscos Biológicos

Os riscos biológicos se relacionam com os microorganismos que podem agredir a saúde e a integridade física de trabalhadores que exercem suas atividades laborais. Em termos de trabalho rural, é importante considerar os agentes biológicos com alta probabilidade de transmissão de doenças como dengue, leptospirose ou doenças virais. Na pecuária, trabalhos laborativos como abatedores de gado, onde o trabalhador tem contato direto com vísceras de animas e manipulação de carnes; sujeito a microorganismos invisíveis; criatórios de porcos, entre outros.

Riscos Ergonômicos

A ergonomia é a ciência que estuda a adaptação do meio produtivo ao trabalhador, proporcionando, assim, que o ambiente de trabalho esteja cada vez próximo da realidade humana, minimizando os distúrbios funcionais no organismo do trabalhador. Assim, riscos ergonômicos podem ser identificados a partir da análise integral da tarefa, contemplando as fases de execução, ciclos de trabalho, trabalhos repetitivos, força física extrema, carga de trabalho e descanso (caso seja necessário) e riscos em cada ponto da atividade.

Acidentes

O trabalhador rural também está protegido pela legislação de segurança, e há uma norma regulamentadora que rege preceitos para as atividades rurais, que é a NR-31. Está exposto a riscos de acidentes, tais como acidentes com objetos cortantes, ocasionados por instrumentos e equipamentos de trabalho, acidentes causados por plantas nocivas, ou vegetação agressiva (cana-de-açúcar) contato com animais peçonhentos, contato e criação de animais ou insetos que possam causar lesões ou ferimentos por mordidas e picadas; acidentes de trajeto por uso impróprio de transporte de pessoas.

Um comentário:

  1. Léo, antes de mais nada, parabéns pelo blog. Um importante espaço para o conhecimento e debate sobre variados assuntos. Com certeza, fruto do trabalho de um profissional sempre atualizado em diferentes áreas.
    Sobre o texto acima, quero relatar aqui minha experiência como jornalista atuando há oito anos na maior região produtora de açúcar e álcool do mundo: Ribeirão Preto.
    Muito já se falou sobre esta rica região do estado de São Paulo como exemplo de desenvolvimento e fonte de energia alternativa.
    Pena que pouco se fale sobre as condições vividas pelos trabalhadores deste setor, peças fundamentais para que esse "modelo" seja alcançado.
    A cada ano, são milhares que chegam na região vindos principalmente do norte de Minas e dos estados do Nordeste. Trazem pouca bagagem e muitos sonhos, especialmente o de voltar para suas famílias com um pouco mais de dinheiro e em condições de oferecer melhor condição de vida. Infelizmente, muitos chegam e encontram uma realidade bem mais dura do que imaginavam, Alguns nem conseguem voltar. Morrem no meio dos canaviais vítimas do excesso de carga horária embaixo de um sol de 40 graus durante boa parte do ano. Só nos últimos anos foram 21 mortes suspeitas.
    Não é difícil entender o porque quando se sabe que a maioria desses profissionais é capaz de cortar 15 toneladas de cana num único dia aplicando cerca de 100 mil golpes de facão.
    E as dificuldades não param por aí. São muitas as denúncias sobre as péssimas condições de moradia oferecidas por algumas usinas. Os chamados "bóias-frias" da cana são obrigados a dividir espaços minúsculos em cubículos onde geralmente são acomodadas até 15 pessoas. Para alguns, o transporte é feito em velhos ônibus ou caminhões que já deveriam ter sido colocados fora de uso, um risco a mais para a vida deles. Na lavoura, os flagrantes de equipamentos inadequados ou até mesmo a falta destes é um só mais um agravante. Por fim, desiludidos com tamanho sacrifício, os mais fracos acabam se entregando ao vício do crack como forma de amenizar as dores ou a fome.
    Felizmente o Ministério Público e as autoridades trabalhistas têm se mostrado mais presentes contra essa situação vergonhosa. Só no ano passado os grupos de fiscalização efetuaram o resgate de quase seis mil trabalhadores em más condições de trabalho no estado de São Paulo. Vamos torcer e cobrar para que essas ações continuem. E que a região de Ribeirão Preto faça juz à alcunha de "Califórnia Brasileira".

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