segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Lidando com o erro

Comportamentos indesejáveis devem ser analisados corretamente para que sejam eliminados

O processo de gerenciamento de risco é multidisciplinar e uma das abordagens refere-se ao comportamento humano e seus diferentes tipos de erros. Os erros humanos não podem ser estudados isoladamente das condições onde eles ocorrem. Se as características da tarefa e do ambiente forem organizadas de modo que as pessoas possam detectar e corrigir imediatamente os seus comportamentos inadequados, a frequencia dos erros tende a diminuir. Cada decisão, gesto ou pensamento implica na possibilidade de erros e é preciso aceitar que eles podem ocorrer.

O erro humano é tratado frequentemente como uma coleção uniforme de atos indesejados (atos inseguros), normalmente considerados apenas nos níveis operacionais e de execução de tarefas. No entanto, erros de naturezas diversas ocorrem em diferentes níveis da organização e requerem diferentes medidas preventivas e corretivas. Entender essas diferenças é fundamental para um gerencimento correto e direcionado de suas causas.

Quando se pretende gerenciar erros, é preciso antes considerar suas caracaterísticas. Erros não são intrinsecamente prejudiciais, pois, podem contribuir para o desenvolvimento das tarefas e para a melhoria contínua dos sistemas organizacionais. Além disso, não é possível mudar as condições humanas. Portanto, deve-se mudar as condições de trabalho nas quais as condições humanas estão inseridas.

Considerando que um erro é consituído de duas partes: um estado mental (associados a diversos fatores intrínsecos ao ser humano e que em muitos casos é difícil interferir) e uma situação (um fator contribuinte para um desvio), para que haja um gerenciamento eficaz é preciso analisar essas duas vertentes simultaneamente (ao invés de simplesmente atribuir culpa a alguém).

Outra característica que precisa ser analisada quando se pretende gerenciar erros é que os melhores funcionários podem cometer os piores erros, pois ninguém está imune. Nesse sentido, é preciso atuar em toda a cadeia e em todos os níves hierárquicos existentes dentro da organização.

Por trás dos erros, muitas vezes há um histórico e isso justifica a importância de se investigar suas causas para aprender com elas e evitar a reinciência.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

PARÁ - Continuação

OS DIAS EM TUCUMÃ
Os dias que se passaram foram de muito trabalho. O período que eu não estava na Vale, passei dentro do quarto do hotel, no escritório que improvisamos. A intenção era permanecermos em Ourilândia do Norte, mas não encontramos hotel que nos atendesse.

Ourilândia do Norte é uma cidade nova, surgiu em 1989. Ainda tem pouquíssima infraestrutura. Muita desordem, muita motocicleta. Praticamente, a cidade toda está em construção. Não se vê polícia. As pessoas daqui, assim como as de Marabá, são arredias, sisudas, sem muita hospitalidade e cordialialidade.

Rodamos o dia inteiro numa estrada horrível, cheia de buracos. Parecia que não íamos chegar nunca em Ourilândia. Já era quase noite quando chegamos, exaustos, impacientes para procurarmos um local para hospedar.

Partimos para Tucumã, onde encontramos um hotel razoável, onde pudéssemos permanecer provisoriamente, até nos instalarmos definitivamente na cidade.

No domingo dia 10, apenas dormimos. Não conseguimos fazer nada.

Na segunda, dia 11, fomos direto para o Projeto, ressabiados, pois, não sabíamos o que nos esperava lá. Estamos com uma obra atrasada há meses, e por isso, não sabíamos ao certo como reagir ou comportar diante dos gestores.

Ao contrário do que pensamos, a cidade não respira “Vale”, e as pessoas daqui não parecem muito satisfeitas com a implantação. O projeto está instalado entre reservas indígenas. A montanha que será explorada é uma montanha rica em ouro e níquel. São famosas por aqui. Uma chama-se Onça e a outra Puma. Daí, o nome de batismo do projeto “Onça Puma”. Tudo por aqui, ou tem nome de índio, ou tem o nome das serras.

A cidade onde estamos chama-se Tucumã, e fica a oito quilômetros de Ourilândia. É um município notadamente mais rico do que Ourilândia. Possui um comércio relativamente ativo, bancos importantes, como o Banco do Brasil e Bradesco, e o progresso parece ter chegado mais rápido do que em Ourilândia.

Um fato curioso é a cidade de Ourilândia do Norte se chamar do norte e não do sul, já que se situa no sul do Pará.

Aqui, açaí, catuaba, castanhas são frutas comuns. Tem em todo lugar. São delícias extremamente calóricas e irresistíveis.

Para mobilizar meu pessoal para trabalhar, percorri a via crucis. Foram 5 dias de muito desgaste, de muita agitação. O sol caustigante, a pouca água, a comida ruim, foram fatores contribuintes para meu mal estar rotineiro. Contei com pouco apoio da Vale. Era eu sozinho, no meio de tantas pessoas exigindo documentos. Uma burocracia exagerada. Exames médicos, autorização para atividade crítica, confecção de crachá, autorização para treinamento... tudo isso foi uma verdadeira saga.

Fiz amizades com muita gente por aqui. A Vanessa, da Portaria, já estava acostumada com minhas idas e vindas. Todas as vezes, descia de carona até a área administrativa do projeto porque não tinha autorização para trafegar com o veículo.

Lá dentro, ir e vir, desnorteado, é uma coisa comum para quem está chegando. Ninguém sabe de nada, ninguém tem informação sobre nada. E o pior: ninguém se esforça para ajudar.

Na hora do almoço, meu desespero era maior. Eu tinha de sair perguntando para um e para outro, se ele ia subir para o restaurante, e se podia me dar carona. Ouvir “não posso” era natural e eu não desistia até conseguir.

Foi assim que consegui, a duras penas, cumprir minha missão nesta longa viagem.

Não posso deixar de registrar que meus colegas são pessoas extremamente bem humoradas e de bem com a vida. Que enfrentaram e ainda estão enfrentando toda a situação com muito otimismo. Eles vão permanecer por aqui por mais algum tempo. Possivelmente por seis meses. Vou sentir falta deles, de nossas brincadeiras, piadas, molecagem... tudo para facilitar o trabalho longe de casa e da família.

Hoje porém, o Cristhiano permaneceu o dia todo meio caído, calado. Não quis conversar muito, não quis brincadeiras. Respeitamos, mas gostaríamos de poder fazer algo para alegra-lo. Tentamos de tudo. Em vão. É noite, e ele ainda permanece pensativo. Tenho que entender que ele está começando a cair em si. Perceber que está longe de sua família, namorada, mãe, irmãos, amigos. Que deixou uma vida em Mariana, lá em Minas Gerais, para viver aqui, longe de tudo e de todos, numa terra desconhecida do Pará. Veio com coragem, passar um trechinho de sua vida em uma terra de índios e pessoas mal humoradas, ríspidas. Pessoas que não se preocupam em te comprimentar. Sorrisos são raros por aqui. Exceto quando a gente se encontra com um mineiro. Encontramos vários por aqui. Foi uma surpresa agradabilíssima. A médica assistente da SEMETRA foi gentil, atenciosa e simpática. Logo percebi, não podia ser daqui, com todo perdão aos paraenses. E ela me revelou que é de Minas, de Passos. Também não posso ser injusto e desconsiderar as exceções que também existem nesta regra horrorosa. Duas ou três pessoas do Pará foram gentis conosco. Foi o caso do chef do restaurante da ICEC, o Diego; também a recepcionista da SEMETRA, algumas atendentes do Pumas Hotel. Fizeram a diferença para nós.

As noites aqui são estranhas e medonhas. Respira-se insegurança e medo. Os homens andam armados, freqüentam lugares estranhos que são points da cidade, e não mexem com as mulheres que passam nas ruas. Ninguém mexe, ninguém elogia. Parece um código ético da cidade. Ninguém se mete com ninguém.

O trânsito é uma vergonha. Motociclistas transitam por todo lado, não sinalizam, entram na frente dos carros (que são a minoria), e ninguém briga por causa da barberagem alheia. Mulheres, moças e até crianças pilotam motos para cima e para baixo. Todos sem capacete, claro. Percebemos senhoras sexagenárias pilotando moto “Biz”, sem a menor preocupação pelas ruas da cidade.

À noite, a polícia quase nunca aparece. O que torna a cidade ainda mais assustadora. Carretas transportam toras de madeira pelas ruas, com certeza, ilegais e clandestinas. Isso é comum por aqui.

Perto daqui há um posto da Receita, mas nunca vimos ninguém por lá, a não ser uma senhora que faz a limpeza. Hoje vimos um veículo plotado com as marcas do governo, mas ninguém estava fiscalizando os caminhões ou carros que passavam. Vista grossa do Estado? Quem pode dizer, não é mesmo?

Amanhã, dia 18, vou descer para Xinguara e Parauapebas. Também não sei o que me espera por lá. Mas tenho certeza de que também terei ótimos resultados.

E essas são as observações finais de Tucumã e Ourilândia.

Até a próxima

sábado, 9 de janeiro de 2010

DIÁRIO DO PROJETO ONÇA PUMA

Primeiro Dia - Uma noite em Marabá (PA)
Marabá é uma cidade muito quente. Fizemos uma viagem com 2 conexões muito cansativas. E no último voo a aeronave teve de arremeter por causa do vento. Fiquei assustado, mas pousamos bem, na segunda vez.
Percorremos vários hotéis e não haviam vagas, por causa de um evento comemorativo de uma das magazines mais importantes do estado do Pará.
Tive uma surpresa desagradabilíssima quando fui abrir minha bagagem e vi que minhas coisas estavam todas molhadas. O soro fisiológico explodiu, não aguentou a presssão do embarque.
No quarto do hotel Del Príncipe, um dos melhores da cidade, tive de dividir o quarto com mais 3 companheiros de trabalho porque não havia outro disponível.
Enquanto minhas roupas quaram no varal improvisado do nosso quarto, eu lamento a desdita de ter tido a ideia de colocar na bagagem o recipiente com líquidos, pois temia nem encontrar uma farmácia por aqui.
Sinto uma pontada de desconforto gerada por estes incovenientes. Além de um pequeno mal estar gerado pelo calor, pelo ar condicionado dos ambientes daqui e daquela rasa sensação de fome. Aqui, feijão é coisa rara. Comer sem feijão é complicado. Não mata minha fome. Mas farinha e farofa tem de sobra. Comida seca igual ao tempo.
O restaurante do hotel nos serviu um delicioso tucunaré na menteiga, e isso me aliviou parcialmente. Durante o jantar fomos contamos casos e piadas. O Djair foi filmando o jantar, e colocou o vídeo na internet.
Estou tenso porque não sei ao certo o que nos espera no complexo minerador de Onça Puma, onde deveremos nos apresentar na segunda-feira, dia 11.
Além disso, o fato de termos de viajar mais de 450 quilômetros para chegar no site do projeto, amanhã, me deixa preocupado. Ourilândia do Norte me assusta um pouco.

Temos muita coisa a fazer e eu tenho pouco tempo. Meus colegas permanecerão no projeto, realizando os trabalhos. Estão comigo, o Djair, o Cristhiano e o José.
Tudo vai depender da minha atuação para liberação da obra.
Pela tarde me deitei, exausto da viagem. Dormi e sonhei muito com todas as coisas que tenho de fazer. Somou-se a isso, o fato de eu ter deixado família e um estágio a terminar em Belo Horizonte. O estresse aumentou.
Muitas coisas alheias me deixam ansioso. E eu preciso me libertar delas, pois, preciso focar no meu objetivo, que é a mobilização dos trabalhadores.
É claro que, se o clima daqui fosse mais agradável, o hotel fosse individual e minhas roupas estivessem livres dessa molhadeira, as coisas seriam mais fáceis e eu teria mais descanso e tranquilidade, para tratar de tudo com mais conforto e segurança. São coisas pequenas importantes para mim.
Os colegas são hilários e o nosso relacionamento é descontraído ao extremo. Isso facilita muito, para todos. Ameniza as dores da distância, da pressão psicológica, do cansaço.
Sei que Deus está conosco nesta jornada. Vou voltar para BH com todas as soluções. Terei atingido os meus objetivos. E os colegas que por aqui ficarão farão um trabalho eficiente e tranquilo. Com todo o suporte por mim preparado.
Até amanhã (se eu conseguir conexão)

domingo, 14 de junho de 2009

Saúde Ocupacional

Guerra de nervos no trabalho



Frustração, irritação, uso de drogas e passividade durante o tempo livre podem ser sinal de stress ocupacional; as conseqüências para a saúde se tornam mais dramáticas com o envelhecimento.

O stress no trabalho é uma das principais causas de absenteísmo e acidentes. Estudo feito pelo governo britânico em 2000 estimou em cerca de 40 milhões as faltas ao trabalho, em apenas um ano, devido a distúrbios relacionados ao stress. Nos Estados Unidos, esse número chega a 550 milhões de faltas por ano.
O médico americano Martin Moore-Ede, um dos maiores especialistas do mundo em fadiga laboral, calculou, em 1993, o custo mundial dos acidentes − na indústria, no trânsito e no campo − em cerca de 60 milhões de dólares por ano. Mais do que um tema de segurança ocupacional, o stress é, portanto, uma fonte importante de prejuízos econômicos.
A situação tem se agravado nas últimas décadas devido à crescente precarização das relações de trabalho, ao ritmo acelerado das grandes cidades, à pressão por eficiência, ao ambiente cada vez mais competitivo e ao medo do desemprego.
No entanto, alguns dados enganam. Embora diversos indicadores sugiram que a prevalência de doenças ocupacionais venha caindo nos últimos anos, isso não deve ser tomado como sinal de melhora da saúde da população economicamente ativa. O que as estatísticas não mostram é que o número de doenças crônicas e degenerativas nos idosos aumenta dramaticamente, até por causa do envelhecimento populacional.
Ao que tudo indica, os jovens conseguem lidar razoavelmente bem com os fatores estressores no ambiente de trabalho. É mais tarde, porém, quando o indivíduo já está aposentado, que os prejuízos para a saúde se tornam perceptíveis. Lugar-comumA frase “Estou estressado” já virou lugar-comum. Entretanto, não há consenso sobre a definição de stress ocupacional. Segundo o Instituto de Saúde e Segurança Ocupacional dos Estados Unidos, “o stress ocupacional é uma resposta física e emocional nociva que ocorre quando as exigências do trabalho superam as habilidades, os recursos e as necessidades do trabalhador”.
Para o departamento de emprego e assistência social da União Européia trata-se “de uma reação cognitiva, comportamental e fisiológica a aspectos aversivos e perniciosos do ambiente e da organização do trabalho. É um estado caracterizado por altos níveis de alerta, angústia e frustração por não se conseguir lidar com o problema”.
De certa forma, todas as definições contemplam a variedade de aspectos dessa complexa questão. Para simplificar, porém, podemos entender o stress como um desgaste físico e principalmente psíquico. A pessoa estressada sente que algo de si está sendo consumido. As fontes desse desgaste, que alguns chamam de fatores estressores, são variadas e podem ser divididas em três domínios: o do conteúdo do trabalho, o da função que o indivíduo ocupa e o das condições ambientais e organizacionais do trabalho.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

ACIDENTE DE TRABALHO


QUASE ACIDENTES SÃO SINAIS DE ALERTA

Muitos incidentes quase viram acidentes. São aqueles que não provocam ferimentos apenas porque ninguém se encontrava na posição de se machucar. Se nós tivéssemos conhecimento dos fatos, provavelmente descobriríamos que existem muito mais acidentes que não causam ferimentos do que aqueles que os provocam. Você deixa algo pesado cair e não acerta o próprio pé. Isto é um incidente, mas sem ferimento.

Você sabe o que geralmente faz com que um quase acidente não seja um acidente com ferimentos? Geralmente é uma fração de segundos ou uma fração de espaço. Pense bem. Menos de um segundo ou um centímetro separ você ou um amigo de ser atropelado por um carro. Essa diferença é apenas uma questão de sorte? Nem sempre.

Suponha que você esteja voltando para casa à noite e por pouco não tenha atropelado uma criança correndo atrás de uma bola na rua. Foi apenas sorte você ter conseguido frear no último segundo? Não. Um outro motorista talvez tivesse atropelado a criança. Nesse caso, seus reflexos podem ter sido mais rápidos, ou talvez você estivesse mais alerta ou mais cuidadoso. Seu carro pode ter freios melhores, melhores faróis ou melhores pneus. De qualquer maneira, não se trata de sorte apenas o que faz com que um quase acidente não se torne um acidente real.

Quando acontece algo como no caso da criança quase atropelada, certamente você reduzirá a velocidade sempre que passar novamente pelo mesmo local. Você sabe que existem crianças brincando nas calçadas e que, de repente, elas podem correr para a rua.

No trabalho, um quase acidente deve servir como aviso da mesma maneira. A condição que quase causa um acidente pode facilmente provocar um acidente da próxima vez em que você não estiver tão alerta ou quando seus reflexos não estiverem atuando tão bem.

Tome por exemplo uma mancha de óleo no chão. Uma pessoa passa, vê a mancha e dá a volta: nada acontece. A próxima pessoa a passar não percebe o óleo, escorrega e quase cai. Depois de dizer algumas coisas, ela também continua seu caminho. Infelizmente, a terceira pessoa qua passa escorrega, perde o equilíbrio e cai - bate a cabeça ou esfola as costas.

Tome um outro exemplo: uma pilha de material não travada. Ela cai, quase pegando alguém que esteja passando por perto. Pelo fato de não ter atingido essa pessoa, ela apenas se refaz do susto e diz: "puxa, essa passou perto!" Mas a pilha cai em cima de alguém que não conseguiu ser rápido o bastante para sair do caminho e se machuca, faz-se um barulho enorme e investiga-se o acidente. A conclusão é mais do que óbvia. Devemos estar em alerta para os "quase acidentes". Assim, evitamos ser pegos por um acidente de verdade.

Lembre-se de que os quase acidentes são sinais claros de que algo está errado. Por exemplo: nosso empilhamento de material pode estar mal feito, a arrumação de nosso local de trabalho, do nosso material e de nossas ferramentas, pode estar mal feita ou em más condições e as proteções no local mpodem não estar funcionando bem.

Assim, vamos ficar de olhos abertos para as pequenas coisas que possam estar erradas. Façamos alguma coisa para corrigi-las. Relate e corrija essas situações. Vamos tratar os quase acidentes como se fossem um acidente frave. Vamos descobrir as causas fundamentais enquanto temos chance. Não podemos deixar de lado o aviso dos quase acidentes.


Alerson Martins
Técnico de Segurança do Trabalho e da Qualidade
Programa "Viva Saúde" - Ed. Arte 2009

sábado, 25 de abril de 2009

Motivação


Calibração de pessoas

Calibração é um procedimento que visa estabelecer uma relação entre medição feita por um instrumento padrão e o instrumento que precisa ser ajustado. Definindo de forma muito simples, calibração é o "acerto" de um instrumento de medição. Algo parecido com o ato de acertar um relógio pela hora oficial do país.

Pessoas precisam também ser calibradas. Assim como os instrumentos as pessoas vão incluindo erros em seus comportamentos diários, adquirem vícios e maus hábitos, alteram sua escala de valores, dexam de cumprir procedimentos que sempre cumpriram à risca, relaxam nos cuidados com a aparência, ficam mais preguiçosas, etc.

O cérebro funciona como uma máquina que, apesar de poderosa, descalibra-se de forma similar a qualquer outra máquina. Sendo assim, a pergunta é: qual o seu procedimento, como gestor, para calibrar as pessoas de sua equipe, isto é, para constantemente trazê-las e mantê-las cumprindo os padrões da empresa, tendo atitudes de acordo com os valores da companhia, respeitando o código de ética da organização?

Há vários cursos sobre gestão de pessoas, mas quase nunca se fala sobre esse assunto. Treinar pessoas, educá-las, desenvolvê-las, motivá-las, tudo está certo. Mas como calibrá-las? Como mantê-las "na linha"?

Em um curso, um cliente perguntou-me sobre qual era a empresa mais antiga ou de maior sucesso em todos os tempos. Minha resposta foi rápido e fácil: a Igraja Católica. Mais de 2000 anos merecem aplausos e reconhecimento de todos.

E uma das melhores práticas que a Igreja tem para ensinar é a Missa. Todo domingo, a repetição de ensinamentos, a revisão da ideologia (doutrina) e a renovação de compromissos. Os mesmos rituais. Durante a semana, os fiéis vão se descalibrando. Pecam, naufragam diantes das tentações, afastam-se da doutrina.

No domingo, pronto! Todos no prumo outra vez. Confissões, sacramentos, canções, orações, a palavra do padre. Todo mundo alinhado de novo. E assim passam-se dois mil anos.

Nas empresas, onde está o "padre"? Onde está a "missa"? Estou falando do gestor e da reciclagem do treinamento. Gestores, muitas vezes, esquecem as pessoas de suas equipes, mal falam com elas, não transmitem qualquer mensagem de otimismo e de disciplina, não incentivam, não repreendem, não ligam para os seres humanos que lideram. Não treinam, não retreinam, não sabem dar feedback.

Seria possível imaginar qualquer igreja onde o padre ou o pastor não falasse com suas pessoas? Seria possível pensar em uma religião sem a missa ou o culto semanal? Não seria! E como podemos pensar em uma empresa onde o gestor não conversa, não orienta, não avalia desempenho, não lidera? Como imaginar uma empresa sem a reciclagem, sem rituais, sem a revigoração dos valores que, afinal de contas, deveriam ser os comportamentos esperados pela organização?

Gestores não entendem por que perdem talentos, por que pessoas com bom potencial arrastam-se no trabalho, por que nem mesmo dinheiro as motiva. Estas mesmas pessoas, à noite, pagam para orar e cantar em alguma igreja e trabalham de graça. Incompetência de gestores e de empresas que não entendem este simples conceito: cérebros precisam de manutenção, precisam de ajustes, precisam de calibração. Pessoas nunca estão completamente fidelizadas nem treinadas.

Gestão é um trabalho incessante, não termina nunca, é desgastante. Mas é o único caminho para o lucro. Ser gestor é entender este princípio bastante singelo: gerenciar pessoas é repetir, sem parar, a ideologia da empresa, os seus procedimentos administrativos e técnicos, e a importância dos resultados.
Paulo Ricardo Mubarack - mubarack@terra.com.br é doutor e consultor empresarial
Escreveu para a seção "Mercado Metrológico" da revista Metrologia e Instrumentação, edição fevereiro/março 2009

sábado, 11 de abril de 2009

Ponto de vista


Honestidade
Faça um teste de sua honestidade clicando no link ao lado.


Aproveitei a Páscoa para trazer à vida alguns conceitos simples que ficaram meio mortos dentro de mim.

Como sinal de íntegro e sincero arrependimento, resolvi testar minha própria lealdade para com o meu próximo e para comigo mesmo, deixando de viver na "Lei de Gérson", ou seja: querer levar vantagem sobre os outros, querer lucrar sobre tudo, só por causa das injustiças do mundo.

Nenhuma ação errônea pode ser justificada sob a alegação de que os políticos roubam, de que os bancam exploram, de que os juros são absurdos, de que os salários são baixos, ou que você se sente em posição desfavorável diante das outras pessoas, etc. Não! nada disso é válido. A verdade é que queremos justificar os nossos erros injustificáveis.

Sinto que minha vida não está condizendo com minhas políticas e meus preceitos. Por isso quero parar de tomar atitudes erradas. Quero resgatar aquela velha pessoa honesta que ficou esquecida desde algum tempo, em algum lugar.

Modificar pequenos gestos estúpidos diários, os mais sutis... fazem a diferença, se querem saber. Pois começam miúdos e vão crescendo, crescendo. Quando a gente assusta está fazendo grandes coisas erradas sem a menor culpa, sem a menor ética. Ficamos amorais.

Primar pela honestidade é primar pela decência, pela honradez, pela lealdade. Palavras sinônimas, e bonitas. Dignidade começa aí. Eu não quero perder minha dignidade, nem trocá-la por pequenas ações indecorosas que me açoitam a partir de uma oportunidade.

Todos nós, algum dia, foi desonesto em algum ponto. Seja com alguém, seja consigo mesmo. Todos nós sentimos culpa por atitudes erradas em algum momento da vida.

Preciso aproveitar momentos como este, da Páscoa, para modificar o modo como estou agindo. Para me arrepender, e tentar viver a vida de uma forma mais correta e sensata.

E assim, quero melhorar meu dia-a-adia, me tornar mais puro, mais digno, mais fraterno, menos egoísta, menos hipócrita.

Aproveite você também a Páscoa. Ainda que você não seja católico, ou evangélico. Aproveite um momento como este, para repensar os seus conceitos, ou trazer à vida aquela pessoa melhor que vivia em você, e que, por alguma razão, você deixou morrer. Faça da Páscoa um pretexto para você se tornar melhor, como eu estou fazendo. Você não vai se arrepender. Vale a pena!